terça-feira, 29 de abril de 2008

Eu me sinto doente, como num daqueles verões antes de te conhecer em que nem mesmo dor entre meus dedos cheios de areia ou terra eu conhecia. Eu sinto saudade dos velhos tempos, eu pesava menos, a vida pesava menos. Tínhamos ideais eu acho, talvez fosse a tal da adolescência rebelde e eu vejo que só havia em nossos corações um vento calmo...


Agora me diz... Aonde foi a brisa?
Os amigos de tênis sujos e roupas fora de moda?
Onde estão os acordes daquela banda? Que banda ouvíamos mesmo?
E os filmes, quando eles deixaram de ser tão simples?
A chuva era chuva, lembra? Antes ela não lembrava nada nem ninguém... Não era a grande chuva de nossos corações perdidos... Onde estão meu Deus, os poemas roubados? As doces garotinhas que nos rejeitavam ( ainda rejeitam mas não são mais garotinhas, nem tão loiras, nem tão macias como flor).


Nem Marilia, nem Antonia, nem Rosa, nem Letícia dos olhos de pluma, nada.

Nem cigarros de cereja amarga, nem vodka nem poesia, nem esses óculos sujos e embasados de poeira e barro, essa coisa de não perguntar por Deus pelo passarinho morto, nem pela prostituta morta, isso de inventar mundos, isso de se calar ao som da voz que diz que tudo vai permanecer igual ao cheiro do cabelo de quem você amaria logo após seu Pai ir embora para sempre e sua mãe parecer cada vez mais cansada e triste, isso de ter fé.

Sinto falta...e quase sempre dói meu pequeno e feio poema vai e volta pra quando seu dono também era pequeno e feio, mas de um feio que parecia breve: - Leve.

sábado, 26 de abril de 2008

Quando destilares a essência de tudo aquilo que lhe alimenta dentro de teu corpo úmido e esponjoso encontrara toda a essência daquilo que um dia chamares de loucura impressa em corpos e copos indesejados pela indefinível solidão que lhe distingue de todos os homens que arduamente travam a doce batalha de dançar com prostitutas enquanto o ultimo bar da face da terra fecha e as cinzas de cigarro se amontoam sem fênix alguma para brotar-lhe das cinzas como brotam as cores pulsantes do teu brilho indefinido belo e insensível como um girrasol morrendo em maio você sim você que segura a mão de todos homens que enquanto suspensos gritam por mais êxtase e mais e mais e mais mas você não você é rosa botão flor rosa botão flor cristal e ainda que não uma adolescente partida você fosse uma estéril prostituta do sol de maio em plena rua Augusta você ainda seria rosa botão flor rosa botão flor você ainda teria minha alma suspensa em seu caule você me suspende em seu silencio ou será só a ilusão em febre da carne viva você botão rosa flor eu Icaro de asas de cera espinhas sorriso desbotado com o corpo manchado de rancor.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Naquele velho baile...

Então seriamos apenas eu e você de novo naquele velho baile encantado de sorrisos suaves semi-pousados em nossos olhos entrelaçados como andam entrelaçados inverno outono primavera verão e então eu te levaria suavemente até um lugar feito de sonhos e estalactites de cristais e beleza amortecida dormente de prazer.
Então eu te beijaria, eu seria quem você ama
E você seria apenas você, e seria mais do que o suficiente para todo o universo dentro do meu coração em paz
& assim seria o fogo primitivo de teus lábios entrando em minha carne rosa brotando pelo sangue de minhas mãos e teu beijo que era e é o beijo de todos os beijos como o beijo que os espinhos deram as rosas até atingir a união perfeita de cortes e flores e folhas e tudo explodindo em espirais fogo e lagrimas de alegria,

Seriamos apenas eu e você neste baile de sonhos,
Até que eu acordasse
E amaldiçoasse e abençoasse cada um dos Deuses
Pela fagulha de teu sonho
Ter acendido toda a minha alma em seus gestos largos espaçados de quem carrega todo o outono no piscar de olhos,